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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

LAMPEJO DE SABEDORIA O DETERMINISMO

Breve Leitura para Reflexão - Fatalismo e o mito de Édipo

As tragédias gregas representam expressões acuradas de uma visão fatalista dos eventos. Em diversos casos, personagens, mesmo deliberadamente tentando evitar certas profecias, acabavam por cumpri­las. Ao tentar fugir de seu destino, o realizavam. A idéia motriz que sustenta tais estórias é a recusa de que o conhecimento de uma profecia possa constituir um elemento que venha a desfazê­la. É uma concepção oposta àquela dos profetas no judaísmo, em que a profecia geralmente tinha caráter condicional. Um dos mitos gregos mais conhecidos é o de Édipo. Conforme o relato resumido feito por Pierre Grimal (1983, p. 74­75): “A dinastia de Cadmos foi continuada por seu neto Labdacos e, em seguida, pelo filho desse, chamado Laio. Durante a minoridade de Laio, o reino de Tebas caiu em mãos de usurpadores, e Laio teve de se exilar em Elide, junto ao rei Pélops. Aí, apaixonou­se pelo filho desse, o jovem e belo Crisipo, e inventou os amores contra a natureza. Pélops o amaldiçoou e expulsou. Nesse meio tempo, tendo morrido os usurpadores, Laio voltou a Tebas e reconquistou seu reino. Mas trazia consigo a maldição de Pélops. O oráculo revelou­lhe que, doravante, estava proibido de engendrar um filho. Se o fizesse, o filho o mataria e seria causa das mais terríveis desgraças para toda sua família. Laio não deu ouvidos e engendrou Édipo. Mas, não querendo negligenciar a previsão ameaçadora, deu ordens para que o filho fosse abandonado na montanha. Havia furado os tornozelos da criança para ligá­los por uma corda; foi o inchamento provocado por essa ferida que valeu à criança o nome de Édipo, que significa, com efeito, “Pés­Inchados”. Mas Édipo não morreu, como o desejava seu pai. Foi recolhido por pastores do rei de Corinto (ou de Sícone), Polibo, e educado na corte desse, acreditando firmemente que Polibo e sua mulher, Peribéia, fossem seus verdadeiros pais. Isso durou até o dia em que um coríntio, numa briga com o jovem, revelou­lhe que ele não passava de um enjeitado. Édipo resolveu imediatamente ir até Delfos interrogar o oráculo e conhecer a verdade. E foi no curso dessa viagem que realizou a antiga profecia. Pois, na encruzilhada de Potniai, encontrou o rei Laio, numa passsagem em que o caminho se estreitava. O arauto de Laio ordenou­lhe que deixasse o caminho livre; como Édipo não se apressasse em obedecer, matou um de seus cavalos. Édipo, furioso, matou o arauto e seu senhor. Ignorando toda a extensão de seu crime, Édipo continuou seu caminho para Tebas, onde se encontrou na presença da Esinge, um monstro metade leão metade mulher, que colocava enigmas aos passantes e devorava os que não sabiam responder. Édipo resolveu os enigmas e, por despeito, a Esfinge lançou­se contra as rochas e se matou. Em seu reconhecimento, os tebanos fizeram do estrangeiro o seu rei, dando­lhe como esposa a mulher de Laio, Jocasta. Mas uma peste se abateu sobre a cidade. O oráculo, consultado, revelou que ela não cessaria enquanto o assassino de Laio não fosse punido. Pouco a pouco, descobriu­se a verdade. Édipo, desesperado, cegou­se. Jocasta se enforcou”.

DIANTE DO TEXTO ACIMA:

VAMOS ANALISAR – O DETERMINISMO DISTORCIDO PELA RELIGIÃO

Por que razões acreditar no determinismo? Mesmo cientes da influência de diversos elementos sobre nossa vontade tanto das causas imediatas quanto dos fatores determinantes destas, sentimos que, ao deliberarmos e decidirmos, somos livres, e estas causas e fatores não forçam nossa vontade, como outros elementos (como a vontade alheia) podem, por vezes, forçar nossa ação. Nossa experiência diária constitui prova suficiente, natural, de nossa liberdade de decisão e de ação. Se refletirmos sobre isso, não é a alegação de que somos livres que precisa de prova, mas a de que nosso sentimento de liberdade ilusório; tal afirmação precisa ser provada, já que é contra­intuitiva. Justamente apresentar tais provas ou justificativas constitui parte fundamental das concepções determinísticas; dependendo do momento histórico, estas justificativas variam, mas há algumas que predominam e é interessante mencionar esta:

O determinismo e a falsa discutível visão religiosa sobre seu nexo causal

São as concepções religiosas.

As versões mais sofisticadas partem de características ou atributos2 de Deus. Nas religiões teístas (cristianismo, judaísmo, islamismo), bem como na maior parte da tradição filosófica ocidental, Deus é infinito, eterno, onisciente, onipotente, necessário, imutável, impassível, único criador de todos os outros seres. A partir de alguns destes atributos, possível construir um argumento contra a liberdade humana.

Se Deus é onipotente, nada pode resistir à Sua vontade, seja externa como internamente.3 Se nada pode resistir à vontade de aquilo que existe foi criado de acordo com Sua vontade, então todas as ações das criaturas, e todos os eventos, ocorrem porque Deus assim quer.

Se tudo ocorre conforme Deus quer, então as causas remotas de nossa vontade estão predeterminadas, e, por conseqüência, também as causas imediatas, de forma a produzir inevitavelmente seu resultado.

Logo, não está em nosso poder querer de forma diferente daquela que efetivamente queremos.

Por exemplo, se Marta quer agora tomar um sorvete, os fatores determinantes dessa vontade estão previamente determinados por fatores antecedentes, e assim por diante, até chegar à vontade de Deus.

Assim, Deus é a causa remotíssima da vontade de cada um de nós. Além disso, por ser onipotente, pode, se quiser, agir diretamente, e fazer com que tenhamos uma vontade qualquer, independente da cadeia causal.

Esse argumento enfrenta dificuldades dentro das tradições religiosas onde surgiu, por exemplo, seu aparente conflito com a doutrina da responsabilidade humana pelo pecado.

Donde, as idéias de predestinação, que Deus escolheu, antes de todos os tempos, alguns para salvação, outros para danação; tais idéias são uma extensão do argumento determinista original.

De qualquer forma, exerceu e exerce grande força sobre a imaginação das pessoas, e, se válido, constitui uma razão para questionar nosso sentimento de liberdade.

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